Se você usa o Instagram, TikTok ou qualquer outra rede social, com certeza já se deparou com a seguinte situação: páginas cheias de seguidores, com fotos lindas de viagens pelo mundo, uma família feliz ao redor da mesa tomando um café da manhã de cinema, muitos stories em shoppings de classe alta e restaurantes caros, vídeos de compras em lojas de grife, corpos bonitos desenhados à mão e sem qualquer tipo de imperfeição. Um interlúdio aparentemente distópico, mas extremamente comum nas telas dos nossos celulares.
Vivemos na era digital e pouco – ou absolutamente nada – lembramos de como o mundo era antes da rede de comunicação universal. Se você, assim como eu, nasceu antes dos anos 2000, provavelmente se recorda de como era dormir e acordar sem ser bombardeado por notificações o tempo todo. É inegável que a internet trouxe infinitos benefícios para nossas vidas, ao mesmo tempo em que potencializou comportamentos nocivos e pensamentos disfuncionais sobre nossas próprias personalidades.
Enquanto cumprem de forma exímia seu papel de encurtar distâncias e facilitar a aquisição de serviços, as redes sociais também criam a severa problemática da observação pouco crítica. Consumimos incansavelmente o conteúdo gerado por vidas aparentemente perfeitas, mas sem que seja levado em consideração o lado oculto daquilo que está nas plataformas: a incoerência entre o que é dito e o que é mostrado, fontes de renda muitas vezes ilegais, criação de padrões estéticos erráticos e deturpação do conceito que realmente caracteriza a “influência digital”.
A incansável busca por nossos desejos pessoais é, sem dúvidas, a cereja do bolo quando se fala em ser aquilo que somos e nada mais. A procura infinita pela melhor versão de nós mesmos se modifica negativamente quando a comparação entra em cena. De que me adianta ter aquilo que tenho, se todos os dias eu me deparo com pessoas tão mais novas ou tão iguais, que possuem muito mais? A raiz do problema se consolida na idealização, diminuindo nossas árduas conquistas e olhando sempre para o espaço vazio, fazendo com que a nossa realidade seja permanentemente alimentada pela ausência e tornando-se impossível de ser preenchida.
Portanto, é notável que o hábito de endeusar um padrão pautado em realidades transmitidas nas redes sociais é plenamente capaz de causar inúmeros prejuízos a nossa psique. Ao mesmo tempo em que nos comparamos a algo irreal, permitimos que nossa mente entre em um estado de angústia e culpa por não atingirmos, ao nosso ver, um nível pleno de satisfação pessoal, profissional e social.
Lembre-se: a idealização é a chave da infelicidade. Seja autêntico, fiel a seus propósitos e tenha sempre em mente que a única comparação válida é aquela feita com a versão anterior de você mesmo, que luta para ser melhor a cada dia.
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